O fino fio que tece a humanidade
O erótico e suas facetas desnudas aos olhos da humanidade em agregação com fragmentos humanos...O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O erótico e suas facetas desnudas aos olhos da humanidade em agregação com fragmentos humanos, revela ao homem sua origem e o instiga a vencer um pouco de seus medos, que apesar de alguns avanços ainda promove em algumas mentes o efeito contrário levando-os à não saber dialogar com o corpo.
É sabido que vários tabus não foram sepultados e ao largo da sociedade parecem interrogações diante de mostras de nudismo, sensualidade e erotismo, dentro da Arte em arte.
O homem busca a ideia de complementação e vai acordar na Filosofia seus questionamentos, ou percorre a História em busca de algo que defina o que faltava ou o que falta para o encontro com o seu todo.
Eu diria, muitos não descobriram o ‘eu-erótico’ que habita todos os animais, dos irracionais aos racionais e, segue por caminhos de dúvidas, sacanagens e bacanais às escuras a procura do exato momento da afirmação erótica. O homem não se deu conta que permeia seus caminhos o peso leve da sensualidade.
Olhando postais antigos observei damas com seus olhares esfuziantes enquanto longas vestes cobriam-lhe os corpos. Por mais que uma época tentasse encobrir tal naturalidade concedendo-lhe o chavão do pecado o erotismo sobreviveu a sua forma. Ou seja, o instinto não foi escondido.
O desejo, forte componente desse assunto é parceiro dos olhos, das mãos, dos pés por debaixo das mesas, da liberdade de corpos que se encontram em acasalamento e captam cada suave vibração dentro das mais variadas sensações.
O homem relaxa após o sexo e logo se sente revitalizado para encarar tarefas costumeiras com mais ânimo. A mulher, animal carente, amada se desdobra em amor e exala determinação, garra, empenho. Sexo é carta de apresentação para quem está saudável e não bandeira do desespero.
A Literatura erótica, a meu ver, tem a finalidade de acordar o homem para os sentidos. Durante séculos ela esteve presente na música, nas danças, nas trocas de véus, nos objetos, pintura e palavras. Há tanto erotismo em Ulisses e Penélope como no casal que jura em altares ou não um amor capaz de redimir a si próprio.
Um passo para a salvação do homem reside na redenção de seu olhar interior em junção ao seu poder de sedução, esteja este representado através da poesia, música, dança, teatro, pintura, cultura, contra-cultura ou o diabo a quatro.
É observável que material escrito causa mais espanto do que cenas tórridas e, isto passa a ser lamentável, pois assim estamos a olhar para o presente/futuro como se fôssemos voyeur's do passado a depender do olhar pelo buraco da fechadura. Parte do povo que habita o planeta terra ainda usa de muletas para apoiar seus olhares avante.
O alvo neste ponto é o sentir e, se um objetivo há em mente, este seria o de acordar o público para o desejo do outro que é tão parecido com o seu desejo. Talvez um pensamento coletivo no estardalhaço de zilhões de meteoros a multiplicar inteligências e revelar ao homem a sua essência entre tantas buscas por respostas que dormem no silêncio da vergonha e do medo.
A mocinha de família escreve poemas eróticos, o mocinho filhinho do papai escreve contos eróticos e a sociedade passa a tachá-los como aberrações nos salões, café e botequins do interior. A mentalidade penalizada, grampeada por conceitos antiquados não consegue seguir o passo evolutivo do conhecer-se! Gemem entre paredes e se escondem diante dos assuntos postos em pauta para a compreensão do indivíduo. Bomba! É isso o que iremos chamar de futuro? Um povo que tem medo do próprio corpo/prazer como se estivesse anos atrasados no espaço/tempo?
Há de se convir que uma maioria oculta suas revistas Playboy a sete chaves dos pais, até então considerados modernos - os mesmos que se engatilham em olhares, toques e desejos com outras Maria's e João's. Prevalece a enganação embutida em uma áurea que definem como sendo por razão da ordem.
Espera aí! Mas que ordem é essa? Em nome de quem matar é correto? Em prol da vida, roubar é lei? Trapacear nos gabinetes é moda? Francamente perdem tempo com as mãos cheias de pedras
Precisamos discernimento para escolher a vida que mais nos satisfaz e em minha humilde visão creio que o homem precisa com uma certa urgência aprender a lidar com os seus sentimentos e com o que um texto ou uma imagem cause nos mesmos. Trabalhar a sensualidade dentro do erotismo é figura viva a gritar por liberdade. É dada ao homem uma escolha.
O nu em diferentes formas possui diversas interpretações e esconde muitos sinais. O corpo em si é igual, dono das sensações independente da forma. Tenho lido algumas matérias que tratam sobre esse assunto e continuo cada vez mais interessada no tema. É como se ao aprofundá-lo fosse possível enxergar o medo humano de expor a sua sensibilidade.
Quem não admira o belo? E o belo não é um padrão estabelecido. Joana enxerga a pinta de Carlos como maravilhosa. Carolina gosta das pernas de Márcio. Ei, não estamos a pensar em padrões, estamos? Que tal pensarmos apenas em nós e em nossas preferências como abertura para a compreensão de nossos desejos? Por que não sexo? Ops! Não apague a luz. Estamos começando. Quem não gosta? Só o medo, a desinformação, a falta de equilíbrio com o próprio corpo/mente e o falso moralismo é capaz de causar a destruição do homem, não a liberdade de conhecer-se.
Nossa! Parece que sou imoral por ter coragem de falar sobre (é o que dirão muitos ao fazer essa leitura). Ei, amadureça. Sou apenas desbocada consciente e falo o que sinto e da maneira que sinto, na idéia de que minha contribuição para o crescimento seja válida. Então que me desculpem os puritanos, mas a voz tem que sair. Naturalidade também é expressão.
Brincadeiras e carapuças à parte, ao me referir ao tema erotismo o que eu quero é que prevaleça a clareza e a compreensão de que a vida pulsa e, prender Eros, é cooperar para que o mundo caía em desgraça. O homem só pode entender o que é ser livre quando não é cadeia de suas raízes e sim parcela de tudo o que vivencia.
Por outro lado, se é certo que somos seres alinhados a uma ordem, é louvável reconhecer que construímos a estrutura de nossos dias e eu gostaria de deixar claro que ao ficar tão próxima do leitor, à intenção é a de dialogar com os seus segredos e assim provocar a menor reflexão que seja, mas que o leve a analisar a natureza de seus atos e desejos, desencadeando assim um bem-estar que o faça sentir-se responsável pela libertação das gerações vindouras. Afinal, damos continuidade ao que denominamos futuro.
Bicho de sete cabeças não é o erotismo e sim o fantasma que ronda a mente daqueles que se esqueceram de ler Cântico dos Cânticos de Salomão ou perderam o fio do tempo…
Texto publicado em: http://www.jornaldasmontanhas.com.br/2009/01/1006/
Publicado por: Eliane Alcântara
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